terça-feira, 2 de agosto de 2011

OS VIKINGS E BIZANCIO



Embora a cunhagem na Dinamarca tenha iniciado no começo do século oitavo aD, só se estabeleceu definitivamente em torno do ano 1000. Para a primeira metade do século, o design das moedas foi inspirado nas moedas inglesas. Inicialmente refletiam os lucros das pilhagens Vikings, mas após a conquista da Inglaterra em 1016 por Cnut “o Grande” da Dinamarca, as relações comerciais entre a Inglaterra e a Escandinávia tornaram-se mais importante que a pilhagem. Assim como a Inglaterra a oeste, a Escandinávia também tinha relações comerciais, através da Rússia, com Bizâncio e o mundo islâmico. Grande quantidade de prata bizantina entrou na Escandinávia e moedas bizantinas foram copiadas na Dinamarca no reinado de Harthacnut (1035-42).

Uma cunhagem particularmente interessante foi batida em Lund pelo gravador Wulfet, no início do reinado de Sven Estridsen, Rei da Dinamarca. Este penny de prata de Lund copiou os desenhos de uma moeda de ouro do imperador bizantino Michael IV cunhada em 1041. Ela mostra o imperador com o arcanjo Miguel de um lado, e Cristo.




Moedas de ouro deste tipo foram provavelmente trazidas à Escandinávia por Harald Hardruler, rei da Noruega (1047-66), e rival de Sven ao trono dinamarquês. Harald serviu no exército bizantino e contou nas “Sagas” ter trazido com ele um tremendo tesouro ao retornar a Escandinávia. (As “sagas” são os relatos das aventuras e viagens dos heróis vikings)


UMA BREVE HISTORIA DA CUNHAGEM VIKING







Penny de prata Viking de Anlaf Guthfrithsson (939-941 AD) cunhado em York, Inglaterra. Diâmetro 20mm. Peso 1,26 g.







No final do século IX, boa parte do norte da Inglaterra caiu sob o domínio dos Vikings. A região ficou conhecida como Danelaw. Em todo o período de seu domínio, os chefes Vikings cunhavam as suas próprias moedas na região. As principais áreas de produção de moedas eram East Ânglia e York. Algumas das moedas Vikings foram basicamente copiadas dos desenhos anglo-saxões, mas outras apresentavam em sua cunhagem inspiração claramente Viking. Algumas das mais notáveis moedas são aquelas de Anlaf (ou Olaf) Guthfrithsson que governava York e também parte das East Midlands.



As mais famosas mostram uma ave de rapina, talvez uma águia, ou mais provavelmente um corvo. As duas aves estavam associadas com o deus norueguês Odin, mas a águia é também associada com o evangelista João, assim a mensagem religiosa destas moedas é incerta. Ela poderia ser propositalmente um símbolo do paganismo, ou o que é mais provável, um símbolo que tanto pagãos e cristãos aceitassem. No entanto, a inscrição ANLAF CVNVNC significa \'Rei OLAF\' em norueguês antigo.



A maioria das moedas Vikings apresentava inscrições latinas, como nas moedas anglo-saxônicas, e a utilização da linguagem escandinava da antiga Noruega parece ser uma clara indicação da independência Viking.



Apesar da conveniência das moedas, os pagamentos eram calculados em função do peso total e qualidade da prata utilizada. As moedas eram partidas em pedaços, de forma a atender a necessidade do pagamento. Inicialmente as moedas Vikings eram imitações das moedas saxônicas, o dinheiro mais conhecido e estabilizado. Um dos principais modelos para a cunhagem foram naturalmente as cunhagens de Alfredo “o Grande” de Wessex, o mais poderoso governador nas Ilhas Britânicas. Muitas moedas Vikings do sul de Danelaw levavam o nome de Alfredo ao invés do nome do governante que as mandara cunhar. Em East Anglia, o chefe Viking Guthrum, afilhado de Alfredo, cunhou moedas com os desenhos das moedas de Alfredo, mas com o seu próprio novo nome de batismo “Athelstan”. Outros desenhos foram copiados das moedas Bizantinas e Francesas, fazendo-nos lembrar quão vasta era a área de contato dos Vikings. Durante a invasão Viking (878-964 aD), os colonos batiam “pennies” imitando as moedas inglesas.



As moedas Vikings foram cunhadas em East Anglia por Aethelred (870 aD); Athelstan II (Guthrum) (878-890 aD); Oswald (890? aD) conhecido apenas de moedas; Alfdene (900 aD); St. Edmond (Memorial cunhagem); e St. Martin de Lincoln (925 aD). As moedas Vikings foram cunhadas em York por Siefred Cnut (897 aD); conde Sihtric (data desconhecida); Regnald (919-921 aD); Sihtric I (921-927 aD); Anlaf Guthfrithsson (939-941 aD); Anlaf Sihtricsson (927, 941-944 e 948-952 aD); Regnald II Guthfrithsson (941-943 aD); Sihtric II Sihtricsson (942-943 aD); e Eric Bloodaxe (948 e 952-954 aD).

sexta-feira, 4 de março de 2011

A ORDEM DOS MOEDEIROS


Sabe-se que os antigos romanos costumavam agrupar os artistas em colégios, a fim de que fossem desenvolvidas suas aptidões, medida que alcançou extraordinários resultados. Tendo sido adotada por outros povos, se estendeu até a Idade Média, quando surgiram as Corporações de Artes e Ofícios. A França reuniu, no princípio do século XII, pela primeira vez, em uma corporação, os artistas-moedeiros, a eles concedendo privilégios. Se originava aí a Corporação dos Moedeiros, que rapidamente se espalharia pela Europa. Entre seus privilégios destacavam-se a isenção a determinados impostos, o direito a tribunal próprio e a prisão especial. Eram sujeitos a Alcaides e julgados pelos mestres da moeda. Suas mulheres e famílias podiam usar sedas, e as viúvas “que estivessem em boa fama” desfrutavam , igualmente, de todos os privilégios, honrarias e exceções. “Não se lhes podia tomar roupa, nem palha, nem cevada, nem galinhas, nem lenha ou outra qualquer coisa, contra a vontade.”

Em Portugal, do qual o Brasil herdou a tradição, a Corporação dos Moedeiros teve início no reinado de D. Dinis, em 1324. Tal importância tinham as Corporações, na época, que a elas se dava o direito de participar das procissões, possuindo cada classe artística um padroeiro. Os moedeiros de Lisboa administravam a Confraria de Sant'Ana da Sé e, até os nossos tempos, os moedeiros da Casa da Moeda do Brasil têm em Sant'Ana sua padroeira, celebrando anualmente, no dia 26 de julho, seu dia.



Os componentes desta Corporação, a exemplo do que ocorria com os Cavaleiros do Rei, eram sagrados Moedeiros. O novo membro que era admitido na Corporação, prestava, de joelhos, juramento solene sobre os Santos Evangelhos, recebendo do Provedor da Instituição, o grau que lhe era conferido, através de duas leves pancadas sobre o capacete, com uma espada reta, finamente lavrada. Essas pancadas significavam “fé e lealdade” e “dedicação ao trabalho.” Essa cerimônia era denominada Sagração do Moedeiro.

Fonte: CASA DA MOEDA DO BRASIL